Bom Bia Brasil Atualizado em 24/11/2010 12h50
Fósseis raros são vendidos em leilões e enviados para fora do Brasil
Um tesouro, um patrimônio histórico que está se perdendo. Entre as ofertas do leilão, o único crânio de pterossauro do mundo com crista e dentes.
Um tesouro, um patrimônio histórico que está se perdendo. Fósseis raros estão sendo enviados para fora do Brasil. Estão à venda em lotes de leilões internacionais.
Pela internet, o professor de paleontologia Felipe Monteiro descobriu um crime: fósseis da chapada do Araripe, em Santana do Cariri, no Ceará, oferecidos em uma casa de leilões da França.
“Eu estava pensando assim: está muito na cara quererem vender fósseis brasileiros em um leilão que está sendo divulgado mundo afora. Mas eu pensei: não custa nada eu pesquisar ‘Santana do Cariri’ como palavra-chave. Quando eu coloquei encontrei os fósseis do Araripe”, conta o professor.
Entre as ofertas do leilão, o único crânio de pterossauro do mundo com crista e dentes. O valor cobrado pelo réptil voador que viveu há 110 milhões de anos varia entre € 50 mil e € 70 mil.
“Os próprios nativos da região, com a abundância muito grande de fósseis, extraem os fósseis lá da beira dos rios atendendo ao pedido de pessoas estranhas à região”, afirma o delegado da Polícia Federal, Tarcísio Abreu.
Enquanto o comércio ilegal gera lucro para os traficantes, deixa um prejuízo impossível de calcular para os pesquisadores do Brasil, que muitas vezes ficam sem material de estudo no próprio Ceará, o estado de origem dos fósseis.
“Com essa saída de fósseis para o exterior, fica mais complicado ainda de a gente pegar. A logística de uma viagem para o exterior é fora da realidade nacional e, principalmente, aqui da Região Nordeste”, comenta o estudante de biologia Marcos André Fontenele Sales.
Artur Andrade, chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) da região do Cariri, diz que há uma investigação para chegar ao traficante e a quem arrematou a peça no leilão. Mas recuperar estes tesouros históricos é difícil porque nem todos os países proíbem este tipo de comércio.
“No Brasil é crime, nos Estados Unidos não é, na Alemanha não é. Não há uma uniformidade com relação a este pensamento”, afirma Artur Andrade.
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